Reforma Tributária no Brasil: Teto de Referência e Mudanças nos Impostos sobre o Consumo

A reforma tributária, um dos temas mais debatidos no cenário político e econômico do Brasil, está avançando no Congresso Nacional. O relator da proposta no Senado, Eduardo Braga, do MDB do Amazonas, apresentou na quarta-feira, 25 de outubro, a primeira versão de seu relatório sobre a mudança nos impostos sobre o consumo.

A reforma tem como principal objetivo simplificar o sistema tributário brasileiro e torná-lo mais eficiente, o que pode impactar significativamente a economia do país.

No entanto, antes de entrar em vigor, a reforma tributária precisa ser aprovada pelo Senado, e, caso haja alterações no texto pelos senadores, o projeto retornará para nova análise da Câmara dos Deputados. Neste artigo, abordaremos os principais pontos da reforma tributária proposta por Eduardo Braga e como ela pode afetar a economia e a vida dos brasileiros.

A Reforma Tributária e a Unificação de Tributos

A reforma tributária proposta pelo relator Eduardo Braga tem como objetivo a unificação de cinco tributos: PIS, Cofins e IPI federais, ICMS estadual e ISS municipal. Esses tributos seriam substituídos por um imposto sobre valor agregado (IVA) federal, um IVA estadual, um imposto seletivo e uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). A ideia é simplificar o sistema tributário, tornando-o mais eficiente e transparente.

O período de transição para a unificação dos tributos está previsto para durar sete anos, abrangendo o período entre 2026 e 2032. A partir de 2033, os impostos atuais deixariam de existir. Durante o período de transição, a cobrança dos tributos passaria a ser feita no destino, ou seja, no local onde os produtos e serviços são efetivamente consumidos. Isso representaria uma mudança significativa em relação ao sistema atual, em que a cobrança é feita no local de origem.

Os IVAs federal, estadual e municipal seriam não cumulativos, o que significa que, ao longo da cadeia de produção, os impostos seriam pagos uma única vez por todos os participantes do processo. Além disso, os futuros IVAs incidiriam somente sobre o preço do produto, adotando o sistema "por fora", em contraste com o sistema atual, em que os impostos são cobrados "por dentro". Isso significa que o ICMS estadual, por exemplo, não incidiria sobre o próprio ICMS e sobre o PIS/Cofins.

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Limitação da Carga Tributária

Uma das preocupações em relação à reforma tributária é o impacto na carga tributária sobre o consumo. Para lidar com essa questão, o relatório propõe um artigo que limita a carga tributária dos impostos sobre o consumo, chamado de "Teto de Referência".

Esse mecanismo é baseado na arrecadação dos tributos no período de 2012 a 2021, levando em consideração o Produto Interno Bruto (PIB). Caso a alíquota de referência dos tributos ultrapasse esse teto, ela deve ser reduzida. Além disso, o valor do teto seria revisto a cada cinco anos.

A ideia por trás desse mecanismo é evitar que a carga tributária sobre o consumo se torne excessivamente alta e onere ainda mais a população brasileira. A estimativa da área econômica é de que a alíquota sobre o consumo pode chegar a 27%, o que seria uma das mais altas do mundo. A inclusão do Teto de Referência visa a garantir que a carga tributária seja mantida em níveis razoáveis e que não haja aumentos excessivos de impostos sobre os consumidores.

Benefícios e Compromissos da Reforma Tributária

A proposta de reforma tributária em discussão no Congresso Nacional mantém os benefícios do Simples Nacional, um regime tributário simplificado para micro e pequenas empresas, e não altera os limites de enquadramento das empresas. Isso é importante para apoiar o empreendedorismo e a manutenção de empregos gerados por essas empresas.

Além disso, a reforma também mantém os benefícios para as empresas instaladas na Zona Franca de Manaus, uma área de livre comércio com incentivos fiscais. Para manter a competitividade do polo industrial da região, será utilizada uma Cide específica.

Uma das mudanças mais notáveis propostas pela reforma é a obrigatoriedade de informar o preço do produto sem imposto na nota fiscal de compra. Isso permitiria aos consumidores saber exatamente quanto estão pagando de tributos em cada compra, trazendo maior transparência ao sistema tributário.

Além disso, a reforma prevê a introdução do "cashback", que é a devolução de parte do imposto pago às famílias de baixa renda. Esse mecanismo, no entanto, só seria regulamentado em 2024. O objetivo é reduzir a regressividade do sistema tributário, ou seja, diminuir a carga de impostos sobre a população de baixa renda.

Combate à Sonegação e Estímulo a Investimentos Estrangeiros

O Ministério da Fazenda avalia que a proposta de reforma tributária em discussão no Legislativo fecha brechas que atualmente permitem a sonegação de impostos. Isso poderia resultar em uma arrecadação mais eficiente por parte do governo, contribuindo para o equilíbrio das contas públicas.

Além disso, a reforma tributária também é vista como um estímulo aos investimentos estrangeiros no Brasil. Com um sistema tributário mais claro e simplificado, as empresas estrangeiras poderiam se sentir mais seguras para investir no país, o que poderia impulsionar a economia e gerar empregos.

Novas Taxações e Benefícios

A reforma tributária proposta por Eduardo Braga traz algumas mudanças importantes no que diz respeito à taxação de determinados produtos e setores. Entre as alterações mais notáveis, está a taxação de aeronaves e embarcações de luxo com o Imposto Sobre Veículos Automotores (IPVA). No sistema atual, jatinhos e lanchas não estão sujeitos a esse imposto.

Além disso, o texto contempla a cobrança do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) de forma progressiva, levando em consideração o valor da herança ou da doação. A cobrança seria feita no domicílio da pessoa falecida, o que pode afetar o planejamento sucessório.

As prefeituras também teriam a possibilidade de atualizar a base de cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) por meio de decreto, seguindo critérios definidos em lei municipal. Isso permitiria uma maior flexibilidade na cobrança desse imposto, de acordo com as necessidades de cada município.

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Fundo de Desenvolvimento Regional e Comitê Gestor

A proposta de reforma tributária prevê, a partir de 2029, a criação de um fundo de desenvolvimento regional dos estados. Esse fundo teria um valor progressivo, com o objetivo de atingir o patamar anual de R$ 60 bilhões em 2043. Os recursos desse fundo seriam direcionados para dar condições aos estados de desenvolverem atividades produtivas e estimularem o crescimento econômico.

Para assegurar a correta divisão dos recursos arrecadados, sem ingerência política, o texto estabelece a criação de um Comitê Gestor formado pelo governo federal, estados e municípios. Isso visa a garantir uma distribuição justa e equitativa dos recursos, de acordo com as necessidades de cada região.

Diferenciação de Alíquotas e "Imposto do Pecado"

A reforma tributária traz tratamentos tributários diferenciados para alguns setores. Por exemplo, combustíveis e lubrificantes, serviços financeiros, operações com bens imóveis, planos de assistência à saúde e concursos de prognósticos (como as loterias) e compras governamentais teriam alíquotas menores de tributos sobre o consumo.

Setores como serviços de transporte público coletivo urbano, medicamentos, serviços de saúde, serviços de educação e produtos agropecuários também seriam beneficiados com alíquotas menores de tributos sobre o consumo.

Além disso, a proposta prevê uma alíquota diferenciada de 70% da tributação geral para profissionais liberais, como advogados, engenheiros e contadores. Essa diferenciação visa a garantir uma tributação mais justa para esses profissionais.

"Imposto do Pecado" e Isenções

O texto da reforma tributária contempla a criação de um "imposto do pecado", que incidiria sobre produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente. Além de cigarros e bebidas alcoólicas, esse imposto também afetaria a extração de petróleo e minerais, contribuindo para desestimular atividades prejudiciais ao meio ambiente e à saúde.

Por outro lado, a reforma estabelece uma "cesta básica nacional" com imposto zero, o que significa que determinados produtos essenciais não seriam tributados. Além disso, existe uma lista estendida com uma tributação menor, equivalente a 40% do valor do tributo geral cobrado dos demais setores. Essas medidas visam a beneficiar os consumidores e garantir o acesso a produtos essenciais.

Isenções e Tributação Específica

Outro aspecto importante da reforma tributária é a possibilidade de isentar a cobrança dos IVAs sobre uma série de bens e serviços. Isso inclui medicamentos para o tratamento contra o câncer, produtos de cuidados básicos à saúde menstrual e dispositivos médicos e de acessibilidade para pessoas com deficiência, entre outros.

Essas decisões seriam tomadas em lei complementar, garantindo a proteção de grupos vulneráveis e a acessibilidade a tratamentos de saúde essenciais.

A reforma tributária em discussão no Congresso Nacional é uma iniciativa importante para simplificar o sistema tributário brasileiro, tornando-o mais eficiente e transparente. Ela aborda diversos aspectos, desde a unificação de tributos até a criação de mecanismos de limitação da carga tributária sobre o consumo.

No entanto, a reforma ainda precisa passar por diversas etapas antes de se tornar lei, incluindo a aprovação no Senado e a análise de eventuais modificações. É importante lembrar que qualquer mudança no sistema tributário pode ter impactos significativos na economia e na vida dos cidadãos, por isso é fundamental um debate amplo e democrático sobre o tema.

A inclusão do "Teto de Referência" na proposta, como uma forma de evitar o aumento descontrolado dos impostos sobre o consumo, é uma medida importante para proteger os contribuintes e garantir a estabilidade do sistema tributário. No entanto, é fundamental que esse mecanismo seja regulamentado e fiscalizado de forma eficaz, para evitar possíveis abusos por parte do governo.

A reforma tributária também traz benefícios para diversos setores da economia, com alíquotas diferenciadas e isenções, além de incentivos ao desenvolvimento regional e estímulo aos investimentos estrangeiros. No entanto, é necessário garantir que essas medidas sejam aplicadas de forma justa e equitativa, evitando distorções e privilégios.

Em resumo, a reforma tributária é uma iniciativa importante para modernizar o sistema tributário brasileiro, tornando-o mais justo e eficiente. No entanto, é fundamental que a sociedade e os órgãos de controle estejam atentos ao processo e participem ativamente do debate para garantir que as mudanças sejam benéficas para o país como um todo.

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Autor: Karina Icoma

Publicado para: Pegatroco

Em 26/10/2023

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